🌹50 Canções Que Gritaram Liberdade – #12 “Canção de Madrugar” – Hugo Maia de Loureiro

O VII Grande Prémio TV da Canção Portuguesa realizou-se a 22 de maio de 1970 já depois do Festival da Eurovisão. Nesse ano a RTP resolveu não participar no ESC face à injustiça do ano anterior feita à canção portuguesa. Os países nórdicos também boicotaram esta edição do Festival da Eurovisão, tendo por base o sistema de votação em em 1969 permitiu a vitória de quatro países.

Na edição de 1970 do Festival da Canção, apenas para consumo interno, concorreram 10 canções e a que mais se destacou, para além da vencedora, foi a que se classificou em segundo lugar – Canção de Madrugar – com letra de Ary dos Santos, música de Nuno Nazareth Fernandes e interpretação de Hugo Maia de Loureiro.

Uma canção com uma força poética e musical ímpar. Alguns músicos souberam bem trabalhar esta obra de arte e dar-lhe a raiva musical e interpretativa que não teve no Festival da Canção.
Filipe La Féria no musical para a RTP, Cabaret, proporcionou-nos uma versão cheia de garra, com arranjos de João Paulo Soares, na interpretação de Carlos Quintas, Henrique Feist, Simone de Oliveira, Nuno Guerreiro e Wanda Stuart.
Nuno Feist fez um arranjo para o musical da Artfeist – Ary o Sangue das Palavras – com a força que esta canção pede. A interpretação esteve a cargo de Diogo Leite, Henrique Feist e Valter Mira, na segunda temporada Diogo Leite foi substituído por Flávio Gil.

Esta é uma canção de raiva, de afirmação e também de negação daquilo que não se quer, que está bem patente no seu refrão:

De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
sinais de bem despertar
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.

Dei do meu corpo um chicote de força
rasei meus olhos com água
dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.

Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas, alarguei cidades
e construí poetas.

E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que não logrei
mas quis.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Então
nem choros, nem medos, nem uivos,  nem gritos,
nem  pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
nem farsas, nem forcas, nem farpas, nem feras,
nem ferros, nem cardos, nem dardos, nem trevas,
nem gritos, nem pedras, nem facas, nem fomes,
nem secas, nem farsas, nem forcas, nem farpas,
nem feras, nem ferros, nem cardos, nem dardos,

nem mal.

Vídeo 1: Hugo Maia de Loureiro no Festival da Canção 1970;
Vídeo 2: Versão estúdio da Canção de Madrugar;
Vídeo 3: Simone de Oliveira em várias versões/atuações desta canção;
Vídeo 4: Susana Félix canta Canção de Madrugar no disco o no espetáculo Rua da Saudade;
Vídeo 5: Vânia Fernandes interpreta Canção de Madrugar;
Vídeo 6: A versão de Carlos do Carmo gravado em disco;
Vídeo 7: A versão do Conjunto Académico João Paulo gravada em disco;
Vídeo 8: Fábia Rebordão gravou Canção de Madrugar no disco Nostalgia;
Vídeo 9: Canção de Madrugar gravada no disco Encontro por Anabela e Carlos Guilherme;
Vídeo 10: Canção de Madrugar por Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho no projeto Só Nós Três.
Vídeo 11: Canção de Madrugar por Carla Ribeiro;
Vídeo 12: A versão de Os Namorados da Cidade;
Vídeo 13: Atuação de Joaquim Lourenço;
Vídeo 14: Versão de Carlos Quintas;
Vídeo 15: Atuação de Carlos Alberto Moniz no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Lumiar

Fonte: Festivais da Canção

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.