Parabéns Festival da Canção – Hoje recuamos a 1998

O Festival RTP da Canção 1998 realizou-se a 7 de março, no Teatro São Luís, tendo sido apresentado por Lúcia Moniz e por Carlos Ribeiro. A RTP convidou as duas associações fonográficas – AFP (associação fonográfica portuguesa) e AFI (associação fonográfica independente) – e alguns compositores a enviarem propostas, tendo recebido 29 canções. Dessas 29, oito foram selecionadas para concorrer abertamente no festival.

A qualidade das canções a concurso era muito heterogénea, existindo algumas bastante interessantes e outros muito aquém do expectável e de gosto extremamente duvidoso. Infelizmente, é comum não olhar para o Festival como o meio de seleção da canção portuguesa para o ESC e apenas como um concurso de canções nacional, sem qualquer repercussão internacional.

O espetáculo teve início com um número musical a cargo da Lúcia Moniz e foi todo ele dedicado à comemoração do centenário do nascimento do grande Vasco Santana. Por essa razão, os separadores entre as diferentes canções eram constituídos por excertos de filmes mais ou menos carismáticos ou populares deste grande ator. Foi possível recordar extratos de “Zé Analfabeto e o trânsito”, “Comissário de polícia”, Zé Analfabeto faz exame”, Zé Analfabeto nos CTT” (com uma piada que hoje seria considerada racista e de muito mau gosto), “Pátio da Cantigas”, “Ribatejo” (ao lado da grande Eunice Muñoz), “Camões” e “Pai Tirano”.

Neste festival, também se homenageou Melo Pereira, recentemente falecido e o grande impulsionar deste concurso, passando a designar-se o galardão de melhor interpretação como Prémio Melo Pereira. Pessoalmente, considero que o referido prémio foi erradamente atribuído a Carlos Évora – apesar da boa interpretação que fez em “Saudade que sou”, esta foi bastante inferior à realizada por Teresa Radamanto em “Só o mar ficou” ou Ana Isabel em “O encanto da sereia”.

Entre o desfile das canções e a votação, Filipe la Féria foi convidado a recriar um momento musical inspirado em Vasco Santana. Num esquema semelhante ao da Revista à Portuguesa ou daquele que fez para o programa televisivo “Grande Noite”, foram recriados quadros onde as referencias à carreira do Vasco Santana eram o ponto de partida. Atuaram nessa mini-revista Anabela, Helena Isabel, Maria Vieira, João Ricardo, Henrique Feist, Carlos Paulo, Rita Ribeiro, Wanda Stuart, Fernando Gomes, José Manuel Rosado, Adelaide Ferreira, Miguel Teixeira e Sílvia Margarida.

Relativamente à votação, a RTP decidiu dispensar as capitais de distrito, convidando cinco personalidades da música e do jornalismo. O júri foi então composto por Paulo de Carvalho, Sara Tavares, Nuno Galopim, Maria do Rosário Domingos e João Filipe Barbosa. A votação foi bastante unânime no que toca ao primeiro lugar, o que poderá levantar suspeitas relativas a um acordo prévio entre todos. “Se eu te pudesse abraçar” sagrou-se o grande vencedor da noite, numa tentativa clara de recriar o sucesso português que o mesmo género musical teve no ESC dois anos antes. Infelizmente, as sonoridades/atuações começavam a mudar radicalmente no Eurofestival, antevendo já o século XXI, o que impediu que a nossa representante fosse mais além do que o 12º lugar ou recebesse mais do que 36 pontos.

Relativamente aos intérpretes a concurso, há que referir que Sofia Barbosa viria a ganhar a primeira edição da Operação Triunfo e o Carlos Évora a integrar a banda Big Hit (que concorreu ao Festival RTP da Canção 2008, com a canção “Por ti, Portugal”) e a ser o treinador vocal de “A tua cara não me é estranha”.

Ana Isabel, que tinha já concorrido em 1995 (“Tanto amor, tanto mar”, que se classificou em segundo lugar), viria a fazer coros no Festival RTP da Canção 2011 (no tema interpretado por Tânia Tavares, “Se esse dia chegar”) e 2014 (na canção proposta por Rui Andrade, “Ao teu encontro”) e Axel participaria novamente em 2011, com o hediondo “Boom, boom, yeah!”.

Como curiosidade, há que referir que Janot é filho da emigrante portuguesa mais famosa e que deu cartas na década de 80 na música francesa e portuguesa, Linda de Suza.

Só o mar ficou eleita como:
| A melhor música – João Carlos Mota Oliveira | A melhor interpretação – Teresa Radamanto em ex aequo com Ana Isabel |
| O melhor visual | Uma das mais eurovisivas |

O encanto da sereia eleita como;
| O melhor poema – José Fanha | A melhor interpretação – Ana Isabel em ex aequo com Teresa Radamanto |
| A melhor coreografia apresentação em palco | Uma das mais eurovisivas | A minha canção preferida|

Se eu te pudesse abraçar eleita como:
| Uma das mais eurovisivas | A canção vencedora do Festival |

Aqui ou além eleita como:
A pior canção

Carimbava o passaporte à canção vencedora?
Sim (canção muito bem interpretada pela Inês Santos, com uma forte influência na sonoridade e na alma tradicional portuguesa, tão ao gosto do júri europeu no final da década de 90).

A minha pontuação para a canção vencedora (entre 0 e 10):  8 pontos
Qualidade média das 8 canções (entre 0 e 10):  5,7 pontos

A minha canção preferida era Só o Mar Ficou com interpretação de Teresa Radamanto.

Fonte: Festivais da Canção, RTP

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