Memórias do Festival – Hoje as de Hugo Simões |exclusivo|

Hugo SimõesHugo Simões nasceu a 30 de Novembro de 1978 em Lisboa. Desde a sua adolescência que começou a tocar, fazendo parte do grupo Baby Jane, que começou a sua atividade em 1994. É o guitarrista da banda, que surgiu numa época em que o rock nacional e internacional estava em grande expansão. Os Baby Jane são uma das bandas rock com mais longevidade, tendo dado mais de 200 concertos e tendo mais de 50 originais. O seu último trabalho data de 2011 e tem por título História de um Vinho Azedo. Ficaram conhecidos pela participação no programa Reis do Estúdio, em 1997/1998, tendo sido finalistas e também no Festival RTP da Canção 2001, na eliminatória de Setúbal.

Festivais da Canção – Que memórias tem do Festival em que participou? Existe alguma história ou curiosidade sobre a sua participação no Festival que queira partilhar connosco?
Hugo Simões – Lembro-me de termos atuado em Setúbal e de, no caminho, termos um furo que quase resultou em despiste na autoestrada; lembro-me dos contentores que eram os nossos camarins, da Cristina Möhler e da Sónia Araújo (apresentadoras), do Luís Represas e da sua banda, cujo contentor (camarim) ficava mesmo em frente ao nosso e tinha a particularidade de estar fornecido de muitas bebidas alcoólicas (que o nosso não estava); lembro-me de eu ter tido de pressionar o maestro Johnny Galvão para gravar algumas guitarras na canção da banda, que fora “gravada” (ou programada) em computador, obliterando completamente a banda e a sua natureza, limitando-se o vocalista a cantar (tudo o resto era suposto ser uma programação manhosa do maestro, sem intervenção da banda).
Lembro-me de ter discutido, numa reunião prévia com todos os autores e com a organização / RTP, que não faria sentido fazermos playback instrumental por sermos uma banda e não um bando de figurantes – o Festival acabou por decorrer em total playback instrumental, mas eu consegui gravar guitarras porque me plantei, à noite, à porta do estúdio do maestro; lembro-me de ter conhecido os outros músicos e artistas, e de a minha primeira impressão acerca de um dos grupos (de que não me recordo do nome) ter sido a de que aqueles não poderiam passar à fase seguinte por serem tão declarada e pobremente pirosos e pimbas, mas eles passaram mesmo; lembro-me de ter ficado estupefacto por terem escolhido a aquela nossa canção (O Paraíso É Uma Onda), uma vez que terão sido enviadas outras canções, na minha opinião melhores – “O Paraíso É Uma Onda” é uma canção que escrevemos quando tínhamos 14 ou 15 anos…
Lembro-me de, e este é um dos capítulos mais curiosos, na tal reunião prévia com os autores e a RTP, onde estavam figuras como Thilo Krasmann, Rosa Lobato Faria, Tózé Brito, José Cid, etc, logo após eu ter exposto a questão singular e identitária do facto de sermos uma banda rock e não um qualquer intérprete, o Thilo Krasmann interpõe que 300 contos (na moeda antiga ainda, o valor que era pago pela RTP a todos os “concorrentes”) era um valor muito “baixinho” para todos os custos e requisitos de que necessitava, como “comprar um vestidinho para a menina”. Estas palavras nunca mais me saíram da cabeça. A parte dos 300 contos era para nós mais que perfeita…

FC – Fale-nos sobre o tema que interpretou?
HS – Já falei um pouco sobre isso. Foi uma canção que fizemos no nosso primeiro ensaio. Tínhamos 14 ou 15 anos. Considero-a imberbe, naturalmente. Quando a apresentámos no Festival, já não a tocávamos ao vivo (retirámo-la do reportório), sendo que fiquei surpreendido e algo desiludido pela escolha, uma vez que outras canções, em meu entender melhores, terão sido enviadas pelo baterista, que nos surpreendeu com a candidatura, de que só tomámos conhecimento quando tivemos a notícia de estarmos “apurados”. A canção em si terá sido escrita numa sala de aula do 11º ano, no decorrer das aulas (eu e o baterista – Paulo Amaral – éramos colegas de turma), e a ideia que a inspirava era, basicamente, o surf, o mar, a vida… uma coisa de adolescentes, um tanto naif.

FC – Para si qual é a melhor canção de sempre que passou pelos Festivais RTP (vencedora ou não)?
HS – Sem dúvida nenhuma “E Depois do Adeus”. Enorme canção. Imperecível por motivos mais do que exclusivamente estéticos e/ou artísticos.


Hugo Simões
participou apenas num Festival RTP da Canção:

2001 – O Paraíso é uma Onda como membro do grupo Baby Jane

*Entrevista concedida ao site Festivais da Canção a 17 de Julho de 2014

Fonte: Hugo Simões, Festivais da Canção

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