Hoje recordamos… “Morgadinha dos Canibais” pela Banda do Casaco

Após o fracasso do projeto Filarmónica Fraude, mais por razões políticas do que comerciais, António Avelar de Pinho e Luís Linhares uniram-se ao ex-membro dos Musica Novarum, Nuno Rodrigues, e ao ex-membro dos Plexus, Celso de Carvalho, para formar os Banda do Casaco. Muitos músicos convidados passaram pela banda durante o seu período ativo e muitos tiveram no protagonismo e importância do grupo, um trampolim para suas carreiras a solo.

O primeiro álbum, Dos Benefícios dum Vendido no Reino dos Bonifácios, foi editado em 1975, tendo sido muito bem recebido pelo público e altamente aclamado pelos especialistas. Todas os temas incluídos no alinhamento do trabalho revelavam uma crítica social e política de grande envergadura, o que elevou os Banda do Casaco a grupo de intervenção sociopolítica.

Seguiu-se Coisas do Arco da Velha, em 1976, que alcançou o galardão “Álbum do Ano” e de onde o tema que hoje recordamos foi retirado. A parte vocal estava maioritariamente a cargo de Cândida Branca Flor, que deixaria a formação logo de seguida, tendo optado por enveredar por outro estilo musical e uma carreira a solo.

Seguiu-se o mais renomado, o mais aclamado e, segundo alguns, o mais experimental dos trabalhos da banda, Hoje existem Conquilhas, Amanhã não Sabemos (1977). Desta feita, a parte vocal esteve a cargo de outra ex-participante do Festival da Canção, Gabriela Schaff.

Mas é a partir de 1981, com a entrada de Né Ladeiras e Jerry Marotta, ex-baterista de Peter Gabriel, que a banda edita os seus álbuns de maior sucesso comercial: No Jardim da Celeste (1980) e Também Eu (1982).

O último trabalho de estúdio foi lançado em 1984, após a saída da Né Ladeiras e de um dos seus fundadores, António Avelar Pinho. Banda do Casaco com Ti Chitas revela toda a essência do grupo, que pretendida fundir sons tradicionais com outros mais citadinos. Para além da pastora Catarina Chitas (uma enorme mais valia para este derradeiro projeto), também é possível ouvir outra ex-concorrete do Festival, a Concha.

O intuito da banda foi sempre fundir a música étnica portuguesa com o rock progressivo, abordando a ideia de cruzar uma urbanização moderna com a história rural portuguesa. Os temas apresentavam normalmente letras imponentes, muitas vezes satíricas, que incluíam fortes críticas sociais e políticas, num Portugal pós-25 de Abril, que estava a construir a sua democracia e a decidir o seu ideal político.

Morgadinha dos Canibais, continua a ser uma das músicas mais emblemáticas da banda e o seu primeiro sucesso comercial. Trata-se de uma canção desconcertante, que vai beber o seu título a uma das obras mais conhecidas de Júlio Dinis. A revolta, o descontentamento e a desilusão são as palavras de ordem, estando patente a vontade de existir um Portugal democrático, onde a igualdade e a fraternidade seriam uma constante.

Fonte: Festivais da Canção

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