Em Homenagem a… Duo Ouro Negro – #1 Biografia Resumida

Duo Ouro Negro: Biografia Resumida – Discografia – No Festival da Canção – Os Êxitos

Começamos hoje a nossa homenagem a Duo Ouro Negro, a título póstumo, com o recordar de parte da sua obra, obra esta que eterniza este duo como parte integrante da música portuguesa e angolana.
Todas os artigos que compõem esta homenagem não pretendem fazer um levantamento exaustivo da sua carreira porque não caberia no âmbito deste lembrar Milo e Raúl.

Esta formação musical nasceu em 1959 em Angola e foi constituída por Raul Indipwo e Milo MacMahon, sendo o objetivo principal a divulgação do folclore angolano, assim como das várias etnias e línguas.
Inicialmente designaram-se por Ouro Negro, nome sugerido pela locutora Maria Lucília Dias do Rádio Clube do Congo Português e este nome era alusivo a tudo o que era precioso como o café, o petróleo ou até um bom jogador de futebol.
O primeiro espetáculo deste duo aconteceu em Luanda, dando a origem a uma viagem até Lisboa, onde atuaram no Cinema Roma e no Casino Estoril. Nesta sua estadia em Lisboa gravaram três discos.
Aquando do seu regresso a Angola, José Alves Monteiro integrou o grupo, como terceiro elemento, todavia foi por pouco tempo. Pouco depois foi o início da carreira internacional do Duo Ouro Negro com atuações em países como Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Suécia e Suíça.

O seu sucesso levou-os a vários programas radiofónicos e televisivos, para além dos inúmeros espetáculos, como foi o caso do programa televisivo da Coroação da Rainha da Televisão de 1960 e do Rendez-vous avec Dany Kaye e o espetáculo de comemoração do 20.º aniversário da Unicef, transmitido para mais de 200 milhões de telespectadores, o que levou ao crescimento da popularidade deste duo a nível internacional.

Em 1962 o Duo Ouro Negro editou um EP onde incluiu a sua versão do tema Mãe Preta, posteriormente proibida pela censura porque abordava a temática da escravatura. Um tema de Piratine e de Caco Velho, numa interpretação original da fadista Maria da Conceição. Depois esta música foi recuperada com uma nova letra da autoria de David-Mourão Ferreira, com o título de Barco Negro para Amália Rodrigues. Após 25 de Abril de 1974 esta canção foi recriada por Dulce Pontes com a letra original, ou seja, Mãe Preta, tendo Romana também gravado uma versão deste tema num dos seus discos.

O Duo Ouro Negro, para além de acompanhar os ritmos de dança da época como o Twist, o Madinson ou o Surf, introduziram na Europa o Kwéla que em 1965 se tornou a grande tendência musical.
O ano de 1966 ficou marcado pela sua atuação no Olympia e no Alhambra em Paris.
No ano seguinte este duo participa no IV Grande Prémio TV da Canção Portuguesa 1967 com as canções Livro Sem Fim e Quando Amanhecer, conseguindo atingir a final com estas duas canções, classificando-se em 2º e 4º lugares, respetivamente. Também, nesse ano, atuaram na Sala Garnier da Ópera de Monte Carlo frente aos Príncipes do Mónaco, no âmbito das comemorações do IV Centenário do Principado.
Ainda em 1967 receberam o Troféu da Imprensa portuguesa. Regressaram ao Olympia durante três semanas em maio e outras três em outubro atuam, com grande sucesso.

Em 1968 o Duo Ouro Negro faz sucesso no Canadá e nos Estados Unidos da América, onde em Chicago assinou um contrato com a Columbia Artists Management. Ainda no continente americano  sucede-se a conquista da América latina e posteriormente do Japão, na Ásia. O seu sucesso chega praticamente a todo o mundo.

No VI Grande Prémio TV da Canção Portuguesa 1969 o Duo Ouro Negro classificou-se em segundo lugar com o tema Tenho Amor Para Amar.

No dia 7 de março de 1974 o Duo Ouro Negro marca presença no XI Grande Prémio TV da Canção Portuguesa 1974 com Bailia dos Trovadores.
Depois do 25 de Abril de 1974 o Duo Ouro Negro opta por abordagens musicais mais vanguardistas, deixando de atuar em Portugal com uma aposta mais forte em espetáculos nos Estados Unidos da América, Austrália e em Paris.
No final da década de 70 do século passado o Duo Ouro Negro tem um certo abrandamento e chegaria ao fim com a morte de Milo a 4 de abril de 1985. Raúl prosseguiria a solo como Raúl Ouro Negro.

Este duo fez grande sucesso com temas como Muxima (1960), Agora Vou Ser Feliz (1964), Upa Neguinho (1968), Pata, Pata (1968), Maria Rita (1969), Amanhã (1971/72), Mamã Esperança (1977), Muamba, Banana e Cola (1981) e Vou Levar-te Comigo (1985), entre outros.

Milo MacMahon (1938-1985) de seu nome completo Emílio Vítor Caldeira MacMahon de Vitória Pereira nasceu em Sá da Bandeira, Angola, a 3 de maio de 1938.
Milo frequentou o Liceu de Sá da Bandeira, transitando depois para Nova Lisboa e posteriormente para a Metrópole, para a Escola de Regentes Agrícolas de Coimbra, cujo curso não chegou a concluir. Regressou a Angola onde tirou o curso de topógrafo, tendo sido colocado em Carmona, onde reencontrou Raúl que conhecera na instrução primária. Deste reencontro e para passarem o tempo nasceu a ideia de cantarem e tocarem viola juntos e assim nasceu o Ouro Negro, depois designado como Duo Ouro Negro.
Milo Mac Mahon jogou no Futebol Clube do Uíge, tendo sido recomendado ao Benfica, mas o projeto Ouro Negro falou mais alto.
Milo viria a falecer a 4 de abril de 1985.

Raul Indipwo (1933-2006) de seu nome Raúl José Aires Corte Peres Cruz Indipo nasceu em Chibia, Angola, a 30 de novembro de 1933.
Como o seu pai era militar teve de viajar um pouco por toda Angola. Frequentou o Colégio D, Nuno Álvares Pereira, em Benguela e o D. João de Castro em Nova Lisboa.
Aos 14 anos de idade viria a perder o seu pai e teve que abandonar os estudos para se empregar. Foi cobrador de uma casa de modas e durante três anos foi caçador profissional. Posteriormente foi caixa e ajudante de guarda-livros em Carmona, cidade onde reencontrou o seu amigo de infância Milo. Este reencontro deu origem ao Duo Ouro Negro.
Após o falecimento de Milo em 1985, Raúl seguiu com o seu projeto, a solo, com o nome de Raúl Ouro Negro. Raúl Indipwo viria a falecer a 4 de junho de 2006.

Deixamos aqui um pequeno vídeo de uma homenagem feita na RTP1 em que intervieram António Sala e Tozé Brito. Nosso destaque de então aqui.

Fonte: Festivais da Canção, Agência Portuguesa de Revistas, Infopédia, Discogs

3 pensamentos sobre “Em Homenagem a… Duo Ouro Negro – #1 Biografia Resumida

  1. Pingback: Em Homenagem a… Duo Ouro Negro – #2 Discografia |

  2. Pingback: Em Homenagem a… Duo Ouro Negro – #3 No Festival da Canção |

  3. Pingback: Em Homenagem a… Duo Ouro Negro – #4 Os Êxitos |

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.